O quase secular festejo da padroeira, Nossa Senhora dos Milagres, de Milagres do Maranhão (desmembrado de Brejo e Santa Quitéria do Maranhão), na divisa com o Piauí e à beira do Rio Parnaíba, teve duas novidades este ano: a cavalgada e a procissão fluvial. Romeiros de várias procedências se concentraram na cidade ao longo de 10 dias e deram brilho especial no encerramento na segunda-feira, 15 de agosto, na procissão terrestre. Mantendo a tradição, o prefeito José Augusto Cardoso Caldas (Gugu) deu o apoio oficial à celebração.
Os peregrinos ainda não puderam gozar do conforto do santuário, a ser localizada na Pedra dos Milagres, origem da intervenção milagrosa que deu origem ao povoado, segundo narração do pescador objeto do milagre. É que o município ainda não detém a propriedade das terras, conforme estabelece a Lei Federal n° 13.465 (2017), que dispõe sobre a Regularização Fundiária Urbana (REURB). A falta desse procedimento administrativo impediu que emenda parlamentar do deputado federal Cleber Verde financiasse a construção do oratório.
Curas – Mas a temporada religiosa confirmou o prestígio da santa, pela presença de fiéis principalmente do Maranhão e do Piauí. Devotos dos municípios maranhenses e piauienses banhados pelo rio encheram as ruas da pequena cidade, movimentando o turismo religioso e fortalecendo a economia local, na avaliação da vice-prefeita Maria Lima Marinho Caldas (Dona Graça). Várias atrações se instalaram no perímetro da festa e muitas promessas foram “pagas”, decorrente de milagres relatados.
O padre Mardônio recordou algumas histórias responsáveis pela fama e titulação de Milagres para o município. Também relatou história recentes de curas, como a de uma jovem de Porto (PI), acometida de grave doença e “desenganada” pela Medicina, que alcançou a cura, confirme transmitida por um familiar. A curada e a família já estiveram no “santuário” para agradecer a graça alcançada. O tema da festa este ano foi “Comunhão, participação e missão” e o lema “Fala com amor e ensina com sabedoria”.
Apoio – Com o crescimento da frequência de romeiros, os custos dos festejos também se elevaram. Mas o pároco manifestou gratidão pela ajuda recebida dos poderes públicos, dos peregrinos, de importantes segmentos econômicos da comunidade e até de fora do Estado. Neste particular, disse haver recebido contribuição de lideranças de Luzilândia, importante cidade piauiense, cujos devotos da santa acorrem todos os anos para o festejo e as homenagens à padroeira. E ressaltou os lucros advindos do leilão, estimados em mais de R$ 100 mil.
O sacerdote também destacou a contribuição de romeiros de municípios maranhense da Região do Baixo Parnaíba, especialmente de Buriti e Brejo. Deste veio a principal romaria, com mais de mil devotos. Eles enfrentaram cerca de 25 quilômetros de estrada, andando, saindo da concentração na cidade vizinha às 9 horas da noite e chegando ao destino às seis horas da manhã, para participar do encerramento. O porta-voz do grupo, Francisco Pimentel, disse estar respeitando a promessa de uma romeira já falecida.