Cúpula venezuelana teria mais de 700 contas secretas na Suíça

GENEBRA – A cúpula venezuelana teria mais de 700 contas secretas na Suíça, reabrindo uma polêmica no país europeu por conta do papel de seus bancos na administração de dinheiro sujo de diversas origens suspeitas. Em meados de 2018, a Justiça norte-americana anunciou que investigações em colaboração com a Suíça resultaram na prisão de um ex-banqueiro suíço, Matthias Krull.

Ele fechou um acordo de delação premiada e admitiu a existência do esquema que lavou mais de US$ 1,2 bilhão, principalmente ao promover desvios da PDVSA e de pessoas próximas ao governo venezuelano. Nos últimos meses, o país tem registrado um colapso sem precedentes na sua economia.

De acordo com o Departamento de Justiça, Krull “admitiu culpa em uma denúncia de conspiração para cometer lavagem de dinheiro”. Pressionadas, porém, as autoridades suíças passaram a avaliar a dimensão da delação. A suspeita é que Krull fosse o gerente de cerca de 700 contas na Suíça em nome de mais de 70 venezuelanos. Agências de regulação do sistema financeiro estão avaliando o caso em Berna, enquanto bancos afirmam que estão cooperando no processo para identificar as transações. “Como parte de sua delação, Krull admitiu que, em sua posição num banco suíço, ele atraía clientes privados, especialmente clientes da Venezuela”, indicou o Departamento de Justiça dos EUA.

Mas o documento oficial da Justiça dos EUA alerta que, entre as dezenas de clientes do ex-banqueiro, estavam também três venezuelanos especialmente importantes. Pessoas próximas ao caso confirmaram que eles são os três enteados de Nicolás Maduro. Krull, como parte do acordo com a Justiça americana, aceitou colaborar com as investigações relativas às pessoas próximas a Maduro. Uma apuração inicial constatou que esses familiares teriam desviado uma fortuna de mais de US$ 180 milhões.

Uma apuração inicial constatou que esses familiares teriam desviado uma fortuna de mais de US$ 180 milhões. Mas os detalhes do destino dos recursos não foram revelados por enquanto. De uma forma geral, o que se sabe é que um dos caminhos para justificar as transações era o esquema de câmbio entre o bolívar e o dólar. Com 44 anos, Krull trabalhava para o banco suíço Julius Baer. De nacionalidade alemã e residente do Panamá, ele havia deixado a instituição em julho. Ainda no ano passado, o banco confirmou que estava cooperando com as autoridades e que estava conduzindo investigações internas.

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